Attilio
Fiumarella
Portogallo, l'architettura che affoga
(PT)
Lembro-me da última vez que estive na Casa do Chá da
Boa Nova foi em Novembro de 2011. Naquela tarde, despedimo-nos de um casal de
amigos que foram viver para a Suíça. Aqui já não conseguiam ver um futuro, quer
para eles quer para a sua pequena filha. Mas isso é outra história, ele é um arquitecto
espanhol, ela uma fotógrafa italiana, os dois tinham encontrado no Porto um
lugar agradável para viver por algum tempo, mas a incerteza ditada pela crise
levou-os a mudar de vida novamente. Alguns meses mais tarde, um artigo de André
Tavares na Domus causou espanto pelo estado de abandono em que se encontravam
alguns dos melhores trabalhos dos dois Pritzker Portugueses, Eduardo Souto de
Moura e Álvaro Siza. O artigo abre com uma imagem da Casa de Chá e fala da
falta de manutenção dos edifícios públicos, apesar de terem sido construídas
grandes obras nos últimos anos em Portugal que duplicaram desnecessariamente a
existência de equipamentos já edificados. Na Páscoa de 2012 os meus pais vieram-me
visitar. Entusiasmado, por querer mostrar um dos mais belos projectos de Álvaro
Siza, fomos à Boa Nova, mas fomos recebidos por uma decepção total. A Casa de
Chá tinha sido esvaziada de todo o seu mobiliário e já mostrava alguns sinais
de degradação a nível estrutural. Que tristeza…Publico algumas fotos que tirei
naquele dia: a comunidade indignada na web. Pouco depois chegaram rumores que a
casa tinha sido fechada para ser restaurada e que seria transformada num
restaurante de estrela Michelin, bom vamos esperar …O tempo passa e nada acontece,
poeira e detritos acumulam-se no chão de madeira, até colocaram um daqueles projectores
de obra para iluminar o interior. Parece que algo está a ser feito, e até
colocam na porta de entrada um bilhete a dizer algo como "Desculpe o
transtorno, estamos a trabalhar para si"...Até que mais nada, de novo…a
imprensa nacional reporta o caso nos jornais e o Siza queixa-se sobre a falta
de manutenção. O edifício está localizado em frente ao mar e é constantemente
atacado pelo ar salgado e pela chuva. Há poucos dias uma tempestade assolou Portugal.
Várias árvores caíram e houve danos em quase toda a parte, devido aos ventos
fortes que ultrapassaram os 100 km / h. Lembrei-me de ir à Boa Nova, mais uma
vez um golpe para o coração. Desta vez, o edifício desenhado por Siza em 1963
tinha as janelas arrombadas. Estado avançado de deterioração, muitas
infiltrações, telhas levantadas, o cobre das cantoneiras nem a sombra. No
interior, grandes poças de água afogavam o belo espaço, todas as partes de
metal e circuitos retirados ou roubados, as casas de banho vandalizadas. No
exterior, o chão parecia ter sido forçado para poder retirar as lajes de pedra.
Alguns lenços no chão indicavam que alguém já usou essa grande obra de arquitectura
para fazer digestão. Que futuro foi reservado para este belo edifício e que será
de Portugal? Cada dia estou mais convencido que essas duas questões estão
inevitavelmente ligadas, e talvez serei obrigado a fazer, mais tarde ou mais cedo, a mesma escolha desses dois amigos que tiveram que ir embora daqui.
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(IT)
Ricordo che l'ultima volta che sono stato a Casa do
Chá de Boa Nova é stato nel Novembre del 2011. In quel pomeriggio salutammo una
coppia di amici che andavano a vivere in Svizzera. Qui ormai non riuscivano a
vedere un futuro, né per loro, né per la loro piccola figlia. Ma questo é un
altro discorso, lui un architetto spagnolo, lei una fotografa italiana, avevano
trovato a Porto un bel posto dove vivere qualche tempo, ma poi l'insicurezza
dettata dalla crisi li portò a cambiare di nuovo vita. Qualche mese dopo,
l'articolo di André Tavares su Domus, suscita scalpore per lo stato d'abbandono
in cui si trovano alcune delle più belle opere dei due Pritzker portoghesi,
Eduardo Souto de Moura e Alvaro Siza. L'articolo apre con una foto di Casa do
Chá. Si parlava di assenza di manutenzione per alcuni edifici pubblici a
dispetto di grandi opere che erano state costruite negli ultimi anni in
Portogallo (ed altre in progetto) e che probabilmente duplicavano inutilmente l'esistenza
di strutture già costruite. A Pasqua del 2012 i miei genitori vengono a
trovarmi. Entusiasta nel volergli mostrare uno dei più bei progetti di Alvaro
Siza, ci recammo a Boa Nova ma veniamo accolti dalla delusione più totale, la
Casa do Chá era stata svuotata di tutti i suoi mobili e mostrava già alcuni
segni di degrado a livello strutturale. Che amarezza... Pubblico qualche scatto
che avevo fatto quel giorno: la comunità incredula sul web. Poco dopo si
comincia a vociferare che la Casa era stata chiusa per essere messa a posto e
che l'avrebbero trasformata in un ristorante da stella Michelin, beh
aspettiamo.. Passa il tempo e nulla accade, polvere e calcinacci si accumulano
sul pavimento in legno, in quanto posizionano uno di quei proiettori da cantiere
per illuminare gli interni. Sembra che qualcosa si muova, addirittura affiggono
alla porta d'entrata un biglietto del tipo “scusate il disagio, stiamo
lavorando per voi”... Poi nulla, il vuoto di nuovo.. la stampa nazionale
riporta il caso e lo stesso Siza si lamenta per l'assenza di manutenzione.
L'edificio si trova proprio di fronte all'oceano, ed é continuamente aggredito
dalla salsedine e dalle piogge. Qualche giorno fa un temporale ha fatto molti
danni in Portogallo. Sono caduti tantissimi alberi e ci sono stati danni un pò
dappertutto dovuti alle forti raffiche di vento che oltrepassavano i 100 Km/h.
Mi sono ricordato di passare a Boa Nova, di nuovo un colpo al cuore. Questa
volta l'edificio progettato da Siza nel 1963 aveva i vetri sfondati. Lo stato
di degrado avanzatissimo, tante infiltrazioni, tegole divelte, del rame delle
scossaline neanche più una traccia. All'interno grandi pozze d'acqua affogavano
quel bellissimo spazio, tutte le parti metalliche e i circuiti ritirati o
rubati, i bagni vandalizzati. All'estero il pavimento sembrava essere stato
forzato per poterne portare via le lastre di pietra. Qualche fazzoletto a terra
indicava che qualcuno ormai usava questa grande opera d'architettura per fare
digestione. Quale futuro sarà riservato a questo splendido edificio e cosa ne
sarà del Portogallo? Ogni giorno mi convinco sempre di più che queste due
domande siano sempre più connesse tra di loro, e forse sarò obbligato a fare
presto la stessa scelta di quei due miei amici che sono dovuti andare via da
qui.
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Attilio Fiumarella nasceu em
Nápoles, Itália, em 1978. Frequentou a Faculdade de Arquitectura Federico II de
Nápoles. Em 2006 Forma-se em arquitectura na Faculdade de Arquitectura da
Universidade do Porto. Em 2010 Especializa-se (Master) em arquitectura da
cidade histórica na Faculdade de Arquitectura Federico II de Nápoles. Em 2011 frequenta
o Curso Profissional de Fotografia no Instituto Português de Fotografia e inicia
a sua actividade como fotografo no "atelier de fotografia". Desde
2002 vive no Porto, efectuando trabalhos entre Portugal e Itália. Realiza,
entre outros, trabalhos de fotografia de arquitectura, paisagem, jornalismo,
retratos. A partir de 2011 começa a publicar em algumas revistas e livros
dedicados à arquitectura: