Paulo
Moreira
“A Chicala não é um
bairro pequeno”
Esta negação dá título a uma publicação.
Parte de um mapa que, para além de ter dado título a uma exposição (“Angola não
é um país pequeno”, 2011), é ele próprio uma apropriação de um outro mapa
(“Portugal não é um país pequeno”, 1934).
“A Chicala não é um bairro pequeno” procura decifrar
um dos musseques mais centrais de Luanda, como laboratório para uma reflexão
mais alargada sobre o desenvolvimento pós-colonial da cidade. O contexto da
rápida nucleação deste bairro ‘informal’ está no centro de um diálogo com a
cidade ‘formal’ – a Chicala está rodeada pelo centro histórico/político de
Luanda; os seus habitantes são originários da totalidade das Províncias
angolanas, tendo a maior parte procurado ali refúgio durante os anos da guerra
civil (1975-2002). O objectivo da pesquisa é demonstrar a relação de
reciprocidade entre a Chicala (e, por extensão, outros musseques) e Luanda,
apresentando-se a eventual significância desta relação para a cidade. Este
lugar específico é, em diversas escalas, um reflexo da história do país, e
portanto deveria ser integrado na sua ordem arquitectónica, urbana e
territorial.
“A Chicala não é um bairro pequeno” apresenta
uma perspectiva da capital de Angola muitas vezes ignorada pelos relatos sobre
a actual trajectória neo-liberal do país. Graças a uma extensiva compilação de
contribuições de especialistas, profissionais e investigadores emergentes e
consagrados, de diversas áreas, o livro mergulha num contexto urbano particular,
de baixo para cima, mostrando Luanda como uma cidade bem mais complexa do que
simplesmente uma topografia capitalista e consumista rodeada por metabolismos
de sobrevivência desesperados.
Lugares como a Chicala formam-se à margem de
regulamentos, desobedecendo aos protocolos da indústria da construção – e o
simples acto de tentar aprender com esses lugares torna este um projeto
controverso. Usando de novo uma negação, diria que não é fácil trabalhar sobre
temas como este em lugares como aquele. Mas espera-se que o livro contribua
para uma re-avaliação gradual das qualidades e do carácter dos musseques. Há
uma verdadeira solidariedade na concretude
das suas estruturas sociais e espaciais que merece ser decifrada. Pode ser um
tipo de cidade construído na sombra da conjuntura económica e da especulação
imobiliária, mas funciona na mesma e deveria ser aceite. Afinal de contas, para
que serve a cidade?
----------------------------
"A Chicala não é um bairro pequeno"
livro editado por Paulo Moreira
Lançamento: Sáb. 7 Janeiro 2012 / 15h
----------------------------
livro editado por Paulo Moreira
Lançamento: Sáb. 7 Janeiro 2012 / 15h
----------------------------
"Angola não é um país pequeno"
exposição de Paulo Moreira
Encerramento: Sáb. 7 Janeiro 2012 / 15h - 19h
----------------------------
Encerramento: Sáb. 7 Janeiro 2012 / 15h - 19h
----------------------------
Galeria Uma Certa Falta de Coerência
Rua dos Caldeireiros 77
4050-140 Porto, Portugal
Rua dos Caldeireiros 77
4050-140 Porto, Portugal
----------------------------
Paulo Moreira
Nasceu no Porto em 1980. Licenciou-se na FAUP em 2005.
É investigador na London Metropolitan University desde 2010. Foi premiado com o
Noel Hill Travel Award (American Institute of Architects – UK Chapter) e o
Prize for Social Entrepreneurship (FASD), ambos em 2009. www.paulomoreira.net